Adoro filme pipoca. Por que? Porque são divertidos e isso já
deveria bastar. Ficar duas horas assistindo um filme só pela diversão, que não
te faz pensar muito, com um monte de coisas explodindo e voando na sua direção
em 3D soa divertido para qualquer pessoa (ou quase qualquer pessoa, sempre tem
os chatos por aí).
Mas não só de filmes pipoca vive o cinema. E amém por isso!
Sempre vai haver aquela película, despretensiosa, feita com
a grana que não paga o CGI do Hulk, mas que vai mexer com você como nenhum
super-herói colorido vai mexer. E amém por isso.
Eu fui pego de surpresa por um filme desses, o alemão “A
Onda” (2008), ou na língua bávara “Die Welle”. Um filme não badalado, escondido
nas opções da Netflix da vida, mas que tem uma sinopse que chama a atenção.
“O professor Rainer
Wenger é colocado para dar aula sobre autocracia. Para exemplificar melhor, ele
forma um governo fascista dentro da sala de aula”.
Uma trama que já se mostra interessante por si só. E fica
ainda mais chamativa quando esse filme se passa na Alemanha, berço de um dos
mais famosos (e terríveis) governos fascistas da história. E para terminar de
prender sua atenção, é avisado no início do filme que a história é baseada em um
famoso estudo sobre o fascismo chamado “A Terceira Onda”.
Se isso não chamou a sua atenção para o filme, eu lamento
por você. Mas vou fazer mais uma tentativa de te convencer a assistir esse
filmão.
O professor Rainer Wenger (Jügen Vogel) recebeu a
incumbência de ensinar autocracia durante um projeto de uma semana. E na sua
primeira aula os debates sobre o que é uma autocracia já começam a mexer com os
alunos, questões sobre nacionalismos exacerbados e ditaduras são discutidas de
forma flúida. Até que um dos alunos afirma que na realidade atual da Alemanha,
é impossível uma nova ditadura. Nesse ponto o professor Wenger tem a ideia de
forma o governo fascista, denominado “A Onda”, onde ele é o líder.
E de forma natural, vamos observando durante o filme todas
as características de um governo fascista em construção. Tem o membro
fervoroso, os que anseiam por uma justiça forte, aquele que se aproveita do
governo para subir, os que se juntam a causa por fazer parte de algo maior, os
visionários e, claro, os opositores.
Caras, é mostrado de forma brilhante até elaboração de um
cumprimento para os membros da “Onda”, no maior estilo “Heil Hitler”.
E essa dinâmica é o que vemos quando estudamos cada uma das
ditaduras já estabelecidas na história. “A Onda” consegue fazer uma discussão
sobre como estamos propensos a seguir uma doutrina (ou um líder carismático)
sem percebermos, ou pior, sem questionarmos. Nesse micromundo construído no
filme, podemos espelhar boa parte da sociedade atual.
Quem não conhece o seguidor fervoroso? Quem não conhece
aquele que clama por uma justiça forte? Quem não conhece os aproveitadores? E
“A Onda” mostra as consequências destas ações. As mudanças que afetam cada um
dos membros do grupo.
“A Onda” é um filme que todos deveriam assistir. Não é um
filme pipoca, mas um filme que te faz pensar. E amém por isso.
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