segunda-feira, 1 de junho de 2015

"A Onda" e o fascista dentro de cada um de nós.


Adoro filme pipoca. Por que? Porque são divertidos e isso já deveria bastar. Ficar duas horas assistindo um filme só pela diversão, que não te faz pensar muito, com um monte de coisas explodindo e voando na sua direção em 3D soa divertido para qualquer pessoa (ou quase qualquer pessoa, sempre tem os chatos por aí).

Mas não só de filmes pipoca vive o cinema. E amém por isso!

Sempre vai haver aquela película, despretensiosa, feita com a grana que não paga o CGI do Hulk, mas que vai mexer com você como nenhum super-herói colorido vai mexer. E amém por isso.

Eu fui pego de surpresa por um filme desses, o alemão “A Onda” (2008), ou na língua bávara “Die Welle”. Um filme não badalado, escondido nas opções da Netflix da vida, mas que tem uma sinopse que chama a atenção.

O professor Rainer Wenger é colocado para dar aula sobre autocracia. Para exemplificar melhor, ele forma um governo fascista dentro da sala de aula”.



Uma trama que já se mostra interessante por si só. E fica ainda mais chamativa quando esse filme se passa na Alemanha, berço de um dos mais famosos (e terríveis) governos fascistas da história. E para terminar de prender sua atenção, é avisado no início do filme que a história é baseada em um famoso estudo sobre o fascismo chamado “A Terceira Onda”.

Se isso não chamou a sua atenção para o filme, eu lamento por você. Mas vou fazer mais uma tentativa de te convencer a assistir esse filmão.

O professor Rainer Wenger (Jügen Vogel) recebeu a incumbência de ensinar autocracia durante um projeto de uma semana. E na sua primeira aula os debates sobre o que é uma autocracia já começam a mexer com os alunos, questões sobre nacionalismos exacerbados e ditaduras são discutidas de forma flúida. Até que um dos alunos afirma que na realidade atual da Alemanha, é impossível uma nova ditadura. Nesse ponto o professor Wenger tem a ideia de forma o governo fascista, denominado “A Onda”, onde ele é o líder.



E de forma natural, vamos observando durante o filme todas as características de um governo fascista em construção. Tem o membro fervoroso, os que anseiam por uma justiça forte, aquele que se aproveita do governo para subir, os que se juntam a causa por fazer parte de algo maior, os visionários e, claro, os opositores.

Caras, é mostrado de forma brilhante até elaboração de um cumprimento para os membros da “Onda”, no maior estilo “Heil Hitler”.

E essa dinâmica é o que vemos quando estudamos cada uma das ditaduras já estabelecidas na história. “A Onda” consegue fazer uma discussão sobre como estamos propensos a seguir uma doutrina (ou um líder carismático) sem percebermos, ou pior, sem questionarmos. Nesse micromundo construído no filme, podemos espelhar boa parte da sociedade atual.



Quem não conhece o seguidor fervoroso? Quem não conhece aquele que clama por uma justiça forte? Quem não conhece os aproveitadores? E “A Onda” mostra as consequências destas ações. As mudanças que afetam cada um dos membros do grupo.


“A Onda” é um filme que todos deveriam assistir. Não é um filme pipoca, mas um filme que te faz pensar. E amém por isso. 

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